A música como ferramenta para compreender a si mesmo

Uma pesquisa investigou como a musicoterapia em formato de música e teatro (música dramatizada), baseada na Teoria da Mente, pôde ajudar crianças autistas a fortalecer a maneira como se percebiam. A Teoria da Mente é a capacidade de compreender pensamentos, emoções, crenças e intenções de si e dos outros. Essa habilidade é essencial para a convivência social e, no caso das crianças autistas, costuma estar deficitária.
O estudo conduzido por Moon e colaboradores (2010), envolveu 20 crianças, com idades entre 9 e 10 anos, divididas em dois grupos. Um deles participou de atividades de música dramatizada, baseada em contos infantis em que eram cantados, narrados e acompanhados por instrumentos musicais. O outro grupo participou apenas de conversas sobre os contos. Ambos realizaram os encontros por 18 sessões, duas vezes por semana, com duração de 40 minutos.
Nos encontros com música dramatizada, as crianças entravam em contato com personagens, emoções e situações dos contos. Por meio das canções, da interpretação e da execução de instrumentos, elas tinham a chance de representar sentimentos e pensamentos dos personagens. Esse processo estimulava não apenas a imaginação, mas também a identificação com os outros, permitindo que reconhecessem emoções próprias e alheias.
Um dos pontos principais avaliados foi o autoconhecimento. Antes da intervenção, muitas das crianças apresentavam uma autoimagem fragilizada, resultado de experiências de exclusão ou de dificuldades sociais. Após as sessões de música dramatizada, houve um aumento significativo nas pontuações de auto percepção: elas conseguiram reconhecer melhor quem eram e como se sentiam.
Outro aspecto foi a autoeficácia, que é a capacidade de agir e lidar com desafios. O estudo mostrou que, ao assumir papéis nas dramatizações musicais, as crianças experimentaram conquistas e reforços positivos. Com isso, desenvolveram mais confiança em suas próprias ações, sentindo-se mais capazes de realizar tarefas e de se relacionar com os colegas.
A autoestima também foi medida. Após a intervenção, as crianças do grupo da música dramatizada apresentaram um crescimento expressivo em autoestima. O fato de cantarem, tocarem e serem reconhecidas no grupo contribuiu para que percebessem seu próprio valor e importância.
Em resumo, o estudo mostrou que a música dramatizada, ao integrar música, narrativa e atuação, possibilitou que as crianças autistas desenvolvessem maior autoconhecimento, senso de capacidade e autoestima. Esses três elementos estão diretamente ligados à formação da identidade, já que favorecem que a criança se veja como alguém único, com valor próprio e capaz de interagir socialmente de forma mais segura.
Fonte: https://www.dbpia.co.kr/Journal/articleDetail?nodeId=NODE08783523