Desenvolvendo habilidades atencionais em musicoterapia
Isabel Dionísio • 4 de setembro de 2025

Como a música pode auxiliar no foco e atenção

A musicoterapia demonstra ser uma abordagem promissora para melhorar as habilidades de atenção em crianças e adolescentes com autismo. Uma pesquisa mostrou que intervenções musicais estruturadas, como o Musical Attention Control Training (MACT), são bem aceitas e viáveis de serem aplicadas em ambiente escolar, com alta adesão das famílias e dos participantes.


Indivíduos no espectro autista frequentemente apresentam desafios específicos nas áreas de atenção seletiva (capacidade de focar em um estímulo relevante ignorando distrações) e controle atencional (habilidade de alternar o foco entre diferentes tarefas ou estímulos). A musicoterapia oferece uma estrutura sonora organizada e previsível, o que pode ajudar a organizar o processamento sensorial e melhorar o engajamento.


Durante as sessões de musicoterapia, os terapeutas usam técnicas musicalmente estruturadas para treinar diferentes tipos de atenção. Por exemplo, para trabalhar a atenção sustentada, os participantes podem ser orientados a acompanhar mudanças na música, como variações de ritmo ou dinâmica. Já a atenção seletiva é exercitada quando o indivíduo deve manter um padrão rítmico mesmo com outros sons ao redor.


Os resultados do estudo piloto indicaram tendências de melhora significativa nas habilidades de atenção seletiva e controle atencional após a intervenção com musicoterapia em grupo. Não foram observadas mudanças relevantes na atenção sustentada, o que está de acordo com a literatura, que não aponta deficits nessa área como característica central do autismo.


A música parece atuar como um elemento motivador e com forte apelo emocional, o que facilita a participação e o envolvimento de pessoas no espectro autista. A estrutura rítmica e melódica oferece pistas claras e previsíveis, auxiliando na regulação da atenção e no direcionamento do foco.


O estudo também ressaltou que a intervenção foi bem tolerada pelos participantes, com altas taxas de frequência e nenhuma desistência. Isso sugere que a musicoterapia é uma modalidade de intervenção não apenas eficaz, mas também agradável e adaptável ao contexto escolar.


Em resumo, a musicoterapia apresenta-se como uma ferramenta valiosa e baseada em evidências para apoiar o desenvolvimento de habilidades atencionais em autistas, especialmente no que diz respeito à seleção de estímulos e à flexibilidade cognitiva. Novas pesquisas são encorajadas para confirmar esses resultados em amostras maiores e com grupos de controle.


Fonte: doi:10.1093/jmt/thu030

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